domingo, 9 de janeiro de 2011

It's up to you


Tive uma conversa com um amigo, e ele criticava com certa veemência outros estilos de vida diferentes do dele.
O certo é que a vida é um caminho que tem que ser preenchido, todos vamos morrer e cada um tem uma convicção para a sua vida e outros até para depois que essa vida como conhecemos acaba. Essas convicções vão mudando conforme vamos crescendo, ou não. O que importa é que a pessoa seja íntegra na forma como ela preenche o "vazio" ou o caminho de sua vida, e até isso é muito subjetivo.
Esse meu amigo ainda tentou bater na tecla da importância da cultura e das pessoas que têm oportunidades de obter cultura mas preferem viver na ignorância, ou no tipo de cultura que essas pessoas procuram.
É preciso entender por exemplo que por mais universal que sejam os beatles, elvis ou bob dylan, algumas culturas ignoram completamente esses caras. Uma tribo de índios por exemplo pode não fazer ideia de quem são eles, e essa não é uma falha, pois eles não têm a menor importância em uma tribo indígena.
Se por um lado a fama não é parâmetro para afirmar sobre a qualidade de algum "produto" cultural, já que o meu amigo mesmo criticava a Cláudia Leite, que é super famosa no Brasil, também não podemos criticar algo ou alguém por sua inclinação comercial. Eu adoro o rock, entretanto, o kiss é provavelmente a banda mais preocupada em ganhar dinheiro que já existiu em qualquer área da música. E eles são um dos grandes nomes do rock.



Até caixão esses putos já venderam.
Não acredito que longeividade também seja a melhor forma de mensurar esse tipo de coisa, apesar de ter seu valor. Se um artista consegue se manter vivo com o dinheiro de sua arte é porque alguma qualidade ele tem, nem que seja comercial. Mas aí também existem milhares de artistas que não conseguem viver nem por um ano do que fazem, e isso não quer dizer que a obra deles seja descartável.
Meu ponto é que tudo é válido ou nada é válido. Jazz é considerado uma expressão musical de alta qualidade, mas nem por isso deixou de receber duras críticas de Adorno, os Beatles e os Stones eram considerados bandas adolescentes e Bob Dylan quase foi apedrejado quando começou a usar guitarra elétrica.
Eu já falei aqui sobre a superficialidade dos baladeiros de São Paulo, pessoas que frequentam um lugar para serem vistos e gostam de algo porque é bonito gostar daquilo. Independente do tanto de idiotas que vão à um show de rock, esse é um lugar que eu gosto de frequentar.
É preciso portanto aceitar o estilo de vida e as convicções ou falta delas das outras pessoas, afinal, eu posso ser para estas pessoas o idiota em questão.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ser ou não ser o que você não é? Eis a questão.


Assisti ontem ao filme Gattaca com Ethan Hawke e Uma Thurman. O filme conta sobre um mundo onde a geração dos filhos é feita in vitro, onde as imperfeições são retiradas geneticamente por médicos especialistas.
Isso cria um preconceito com as pessoas que eram geradas da maneira convencional.
Para perseguir seu sonho, o personagem de Ethan Hawke contrata um cara para se passar por uma pessoa geneticamente melhorada, uma vez que ele foi gerado de forma convencional e por isso só conseguia sub-empregos.


Will Smith passa por situação parecida no filme "A procura da felicidade". Ele é um cara que foi despejado, tem o dinheiro contado até para comer, chega a dormir em um banheiro da estação de metrô, e o que é pior, com um filho.
Apesar de não ter uma grande instrução educacional, Smith consegue uma vaga em um treinamento não remunerado, onde ele finge ser um estagiário como os outros, chega até a emprestar 5 dólares indispensáveis para um diretor da empresa que deveria ser na época um zilhão de vezes mais rico. Digo isso porque o filme é baseado em uma história real e o cara depois se tornou muito bem sucedido.



Se o movimento punk criou o do it yourself, mas com isso também veio a importância de ser independente, além de uma sinceridade intrínseca da música.
É engraçado isso porque o ramones tentou a vida inteira fazer sucesso e o visual dos caras e seus nomes mudavam assim que entravam na banda. Você teria que ser o Fulaninho Ramone e ter cabelo tigelinha, devia ser insuportável conviver com o Johnny. Até a postura da banda ao vivo era controlada por ele.



Os anos 80, o tour econo do Minutemen, a consolidação de um movimento independente com fanzines e bandas alternativas, só aumentou a importância de ser auto-suficiente.
O grunge explodiu de toda essa escola, mas a necessidade da sinceridade na arte se tornou quase que insuportável. Kurt Cobain chegou a devolver um lexus comprado por Courtney Love, pois tinha uma certa vergonha da dimensão de sucesso que acabou tendo.
Eddie Vedder que era outro pilar da cena de Seattle também fez de tudo para afastar a fama depois de conquistá-la, algumas vezes isso até soou como hipocrisia.
Muitas vezes o Duran Duran acaba sendo até mais honesto nesse sentido.



Se David Bowie só conseguiu seu maior com Starman, incorporando um alienígena andrógino chamado Ziggy Stardust, e o Kiss conseguiu toda sua fama tampando a cara com maquiagem, hoje em dia você compra até caixão do Kiss se quiser, e tudo isso porque eles criaram um visual diferente.
Na música essa dualidade entre o cara produzido e aquele que toca de calça jeans e camiseta, que se apresenta do mesmo jeito que vai ao cinema ou fica em casa é muito evidente.
A pergunta que fica é o quanto uma pessoa tem que se reinventar para ser bem sucedida, se na música grandes artistas como Bob Dylan, Madonna, Bowie, e na dramaturgia é sempre necessário criar um personagem, quanto disso é preciso para, digamos um jornalista conseguir sucesso?


It's better to be a rolling stone than to be like a rolling stone


sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Vou te dizer como seria o natal ideal

Você faria uma encomenda, algo que você mais gosta ou precisa, algo que você conseguisse pagar, claro.
O correio não te entregaria antes do dia 25.
No dia 24 você acordaria, tomaria uma cerveja, cumprimentaria a família e cada um iria pro seu lado. Quem tiver filho pequeno tem o ônus ou bônus de ter filho pequeno e poderia passar em família, todos os outros teriam que ir pro seu canto.
A pessoa iria para um bar, almoçaria seu prato predileto, a cerveja continuaria vindo, e depois de um certo tempo você pediria pra mudar pro whisky, já que sua barriga já estaria explodindo e nada ainda de ficar bêbado.
Depois de uma certa altura você ficaria inconsciente e acordaria na sua cama, tomaria um plasil e pegaria seu presente no hall de entrada.
Todos os que pronunciassem ou escrevessem a palavra "Natal" e suas variações em outras línguas, bem como papai noel, etc, ou que cantasse canções natalinas seria condenado à morte, sem exceções. Se usasse a palavra feliz precedendo a palavra proibida, a morte seria lenta e dolorosa.


Feliz Natal

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

É tempo de estagnar


O discurso de mudança é sempre muito sedutor, nossas vidas muitas vezes entram em uma rotina insuportável, e quem é que não quer mudança?
Mudança de ares, de ideias, mudanças até banais, de corte de cabelo, roupa ou algum outro produto que preencha um vazio.
Recentemente na campanha eleitoral americana, o presidente eleito, Barack Obama, usou um discurso de mudança, "It's time for change", e posteriormente o slogan que ficaria famoso no mundo inteiro, "yes, we can", referindo-se à capacidade do país de mudar sem se comprometer. Essa mudança, entretanto, era mais que necessária, todos conhecemos a história recente do país com o presidente Bush, que não bastasse ter aos poucos minado a economia nacional, ainda criou guerras e um ódio do mundo aos EUA. É mais do que evidente que nesse caso a mudança era necessária.
Estamos em plena disputa eleitoral no curso de jornalismo para eleger a chapa que sucederá a atual gestão.
Entre elas, uma que propõe o seguimento das lutas já travadas, e algumas mudanças, para o que eles entendem, sejam melhorias necessárias, mas basicamente, o discurso e até alguns integrantes são os mesmos da atual gestão.
Usei o vídeo da ótima propaganda do rugby, para ilustrar que nem sempre a estagnação é ruim, se o que você está fazendo é o melhor, que assim continue.
Nada contra a outra chapa, que tem algumas pessoas até simpáticas, mas para mim, falta estofo, conhecimento sobre o movimento estudantil. Apesar de eles terem algumas posturas até polêmicas, isso se mostra apenas como um discurso de campanha, falta planejamento.
É por isso que declaro aqui meu completo e irrestrito apoio à chapa desassossego, que se siga o mesmo caminho que tem dado certo na atual gestão.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O pós-ocupação

Como a maioria das pessoas que militavam disseram, a luta não acabou na ocupação.
Nessa terça-feira aconteceu uma reunião com o Consad, onde foram atendidas algumas reivindicações. O movimento estudantil, conseguiu algumas vitórias, e após uma nova assembleia, foi decidido que não seria feita uma nova ocupação.
Por alguns motivos pessoais, acabei não participando das reuniões desta semana, então minha visão é mais externa do que nunca.
Também fiquei sabendo de algumas informações que no calor da desocupação, enquanto ajudava o pessoal a reorganizar a reitoria, não tive acesso. O fato é que existiam algumas informações sobre uma possível invasão por parte de uma tropa de choque até a segunda-feira que se passou.
O receio de alguns estudantes, é de que com a iminência de uma invasão por parte da polícia, houvesse uma desmoralização do movimento estudantil, e uma possível desarticulação do movimento. Eu não estava na PUC no ano de 2007, mas pelos relatos de colegas, realmente foi o que aconteceu, e demorou bastante tempo para que os estudantes voltassem a se mobilizar.
Eu, particularmente, continuo achando que talvez as vitórias pudessem ser mais significativas caso a ocupação permanecesse por mais tempo, algumas das conjunturas, por exemplo, eram diferentes das de 2007, quando a própria reitora chamou a polícia para desocupar a reitoria.
Todos temos nossas convicções, e a da maioria venceu, e nos dois sentidos da palavra, já que conseguiram que algumas reivindicações fossem atendidas.
Faço aqui então um ctrl+c, ctrl+v descarado do blog da ocupação, para mostrar as vitórias estudantis
É de fundamental importância que os estudantes acompanhem o blog da ocupação e o blog do CA Benvides Paixão(no caso dos futuros jornalistas), para se inteirar de calendários e novidades, além é claro, e principalmente, participar de reuniões e assembleias. Só assim o estudante pode participar ativamente do movimento estudantil, mesmo que ele seja contra algumas lutas. Essa é a melhor maneira de se fazer ouvir.
Por último, gostaria de dizer que todos os processos são muito mais democráticos do que alguns pensam, muitas vezes eu mesmo me frustrei com algumas derrotas(derrotas das minhas convicções por votação da maioria), como foi o caso da desocupação.

segue abaixo as reivindicações estudantis e as respostas dadas pela administração da PUC-SP:

Mensalidades

Hoje – Consad quer aumentar as mensalidades para 12,5% com base no aumento da inflação, no dissídio coletivo dos professores e no índice de inadimplência na PUC (em torno de 3%)

Reivindicação do Movimento: Redução imediata das mensalidades

Proposta do Consa - Reajustar as mensalidades em 9,5%, ou seja, diminuir o reajuste em 3%.

Bolsas de estudos

Hoje – Nenhuma bolsa de estudos integrais da Fundasp foi cedida nesse ano.

Reivindicação do Movimento: Abertura do edital de bolsas, cedidas pela Universidade

Proposta do Consad – Abrir um edital cedendo entre 50 a 100 bolsas integrais da Fundação São Paulo + 50 bolsas de Iniciação Científica.

Inadimplência

Hoje – O estudante em dívida com a PUC só podia parcelar sua dívida em 3 vezes, e às vezes, em 5 vezes.

Reinvindicação do movimento: Flexibilização da negociação das dívidas dos inadimplentes

Proposta do Consad – Estudantes terão a possibilidade de parcelar dívida em 3 vezes, caso não seja possível, o direito a parcelar suas dívidas em 5 vezes está garantido.

Bandejão

Hoje – O preço do bandejão é R$8,90.

Reivindicação do movimentoRedução do preço do restaurante universitário

Proposta do Consad – Diminuir o preço do bandejão para R$ 6 (sendo que a Fundasp arcará com o restante do custo). Formar comissão para estudar proposta de ceder bolsa alimentação aos estudantes que não têm como pagar e estudar contrato com a empresa do bandejão.

Criminalização do movimento estudantil

Antes – Ameaças constantes de que os estudantes poderiam ser punidos.

Reivindicação do movimento – Nenhuma punição aos estudantes mobilizados

Compromisso do Consad – Não haverá punição a nenhum estudante por essa ocupação de reitoria.

Auditoria da dívida da PUC-SP

Hoje – Nenhum acesso aos documentos da dívida da PUC. São feitas 3 auditorias (PIG, Ministério Público, Receita Federal).

Reivindicação do movimento – Auditoria da dívida da PUC feita pela comunidade

Proposta do Consad – Aceitaram que a comunidade organize e faça uma auditoria da dívida da PUC, contanto que se mostre “seriedade”, seja “profissional”.

Centro de Educação Infantil (CEI)

Hoje – As mães e pais (estudantes, professores e funcionários) que têm filhos pequenos não têm nenhum lugar concedido pela universidade para deixarem seus filhos.

Reivindicação do movimento – Criação de um centro de educação infantil, para estudantes e trabalhadoras deixarem seus filhos

Proposta do Consad – Se reunir com Hélio Deliberador (pró-reitor comunitário) e Márcia Alvim (diretora de campus) para discutir proposta de criação de um CEI na PUC. Preparar projeto que contemple isso.

Trabalhos terceirizados e contratos dos professores

Reivindicação do movimento – Fim do contrato maximizado dos professores; Incorporação dos funcionários terceirizados ao quadro de funcionários da Universidade;

Consad - Discutir em próxima reunião a importância da efetivação dos funcionários terceirizados ao quadro de funcionários da PUC e o respeito aos direitos dos professores. Isso também está sendo trabalhado pelas entidades de professores e funcionários.

Desconto nas mensalidades para o curso de Serviço Social

Essa promessa já havia sido feita na reunião do Consad no dia 18/11. Apesar da manutenção do desconto e da matrícula dos inadimplentes, essas respostas ficaram um pouco vagas, mas eles mostraram-se favoráveis depois de muita insistência.

Propostas da Assembléia:

  • Congresso de estudantes da PUC para 2011
  • Organização da Calourada Unificada em todos os cursos e com todos os CA’s
  • Campanha do movimento na matrícula dos novos estudantes
  • Uma sólida Comissão de Estudos para estudar a questão das mensalidades e para a criação de uma metodologia para sua redução

Obs: vale lembrar que todas as propostas estão sujeitas a votação em assembléia para sua consolidação.

Agenda

Hoje às 19h30min - Assembléia estudantil na frente da Reitoria
1/12 às 8h30min - Reunião do Consun – na sala 119A

domingo, 21 de novembro de 2010

21 de novembro, dia de São Paul



Hoje o artista mais bem sucedido da história da música entra em campo para desfilar todas as facetas desse sucesso para um estádio lotado.
Ontem no festival planeta terra um amigo me dizia, "se for ver 20 mil pessoas não é tanta gente assim, qualquer show no morumbi leva mais de 60 mil".
A minha resposta foi simples e rápida, "você tem razão, a diferença é que se você juntar todas as bandas que tocaram hoje aqui, elas não venderam nem metade do que o Bon Jovi por exemplo". Que o Paul então nem se fale.
Ontem o Billy "Ronaldinho" Corgan deixou de tocar disarm e 1979, é como se ele quisesse provar alguma coisa pra alguém. O cara briga com a banda inteira e depois quer provar algo.
Com o Paul foi ao contrário, ele fez de tudo para manter os companheiros na banda, mas não deu, a banda inteira brigou com ele.
Bom, aí ele não quis, foi lá e provou pra todo mundo com o wings, que ele era um cara fudido, foi o Beatle mais bem sucedido comercialmente em carreira solo. Se o John tem toda a mística, o Paul tem a competência, o trabalho duro e a longeividade. Quando Lennon já tava fazendo discos merda e se dedicando mais à família, MacCa tava "correndo com a sua banda".
Claro que por causa disso tudo ele talvez fosse também o Beatle mais chato, isso não se discute.
O disco branco foi o primeiro disco que eu ouvi na vida, o album tem várias pérolas, o Paul inventado o heavy metal nele com helter skelter, mas a minha preferia é uma do Harrison, long, long, long.
Mesmo Harrison que o amigo homenageará hoje tocando something, a música mais sincera que um cara pode dedicar à sua amada.
Apesar do Lennon ter dito que tudo o que ele fez foi yesterday, MacCa não guarda mágoa e também homenageia o antigo companheiro. O único que fica de fora nas homengens é Ringo, pelo simples fato de ainda estar vivo.
Eu acredito que algumas músicas podem ensinar e mudar uma vida, que um show de rock pode trazer uma alegria incomensurável. Alguns dos melhores dias da minha vida foram em shows de rock, e algumas músicas ajudaram a sair de grandes fossas, ou pelo menos a suportar melhor certos momentos.
É claro que todos queremos ouvir as músicas de sua carreira solo, ou da fase com os Wings, mas não espere nada menos que êxtase e lágrimas quando as músicas dos Beatles forem executadas.
Todos temos nossas histórias com a banda. Nos primeiros capítulos de "love is a mix tape" Rob Sheffield conta sobre uma fita que ele gravou com seu pai uma tarde, onde eles fizeram um loop de "na na nas" até a fita acabar.
Quando eu ainda morava em Ribeirão Preto, ia para o almoço com o meu pai sempre ouvindo e conversando sobre música. Frequentemente a música e a conversa esbarrava nos beatles, e foi ele quem primeiro me apresentou a banda, então sempre quando eu ouvir uma música deles vou lembrar do meu pai.
Enquanto eu vou terminando este texto, vou ouvindo algumas músicas do Paul, e umas dos Beatles. A hora que tocou hey jude, o mesmo amigo do começo do post veio me dizer, "o Paul é tão bom que é capaz de ele tocar disarm e 1979". Eu espero que não, ahaha, afinal ele tem um repertório muito maior e melhor para perder tempo com essas músicas que marcaram uma época, mas não tem a universalidade das canções de Paul McCartney.



sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Everyboy wants to rule the world (NOT)


Vou tentar dar um tom bem-humorado para esse texto, porque a frustração é tão grande que beira até outros sentimentos menos nobres.
Eu poderia até dar o título para esse post de "grandes analogias infelizes da humanidade", em relação à comparação que eu fiz com a revolução russa. Volto a afirmar que a organização e competência dos estudantes foi ímpar, mas a analogia se mostrou infeliz.
Ao invés disso, dei o nome de uma música do Tears for Fears, se for ver, tears for fears casa bem com o que aconteceu na desocupação da reitoria, e essa foi a primeira música que tocou no rádio do meu carro quando eu estava voltando (muito) decepcionado para casa. Travesseirinho debaixo do braço e muita vontade de largar tudo.
A assembleia marcada para a noite teve início com bastante atraso, mas o pior foi o que aconteceu depois que ela começou. Com a movimentação dos estudantes, muitas pessoas aproveitaram para fazer discursos partidários(coisa que até então não tinha acontecido), o que começou como um "apoio" à ocupação se desdobrou em longas falas.
Depois de mais de duas horas de reunião, foi votado sobre a manutenção ou não da ocupação. Com vitória por 1 voto pró ocupação.
Após mais duas votações, devido ao acirramento de opiniões, a desocupação acabou vencendo por 5 ou 6 votos.
Alguns dos integrantes dos centros acadêmicos votaram a favor da desocupação com uma preocupação super válida. Havia um receio de que invasões policiais se tornem rotina na universidade, já que na última ocupação, a própria reitora Maura Veras pediu a presença dos PMs. A outra justificativa é que durante o fim-de-semana se tornaria mais difícil manter a ocupação, já que muitos estudantes costumam ir para casa. Além do temor de que pudesse haver violência policial.
A minha opinião é que apesar de válidas as justificativas, isso deveria ter sido pensado antes da ocupação, pois seriam coisas iminentes a partir do momento que a decisão foi tomada. Acho a posição no mínimo esquizofrênica, já que muitas das pessoas que votaram pela desocupação na sexta a noite, foram as mesmas a propor a ocupação na quinta-feira de manhã. Não se muda de convicção da noite pro dia.
Decepções a parte, acho que a atitude deixa os estudantes sem muita força para pressionar o Consad, órgão máximo da universidade, já que a ocupação é a última arma dos alunos para tentarem ser ouvidos.
Durante a desocupação, que ocorreu com a mesma rapidez e eficiência que a ocupação, alguns estudantes falaram sobre uma nova ocupação caso as reivindicações sejam ignoradas, o que eu acho quase impossível. Eu mesmo sou contra uma nova ocupação, apesar de continuar apoiando as causas, e achar que deve ser mantido o diálogo com a reitoria, me abstenho totalmente de qualquer manifestação futura.
Fora isso, espero nunca mais ser chamado de companheiro por alguém, minha única companheira é minha namorada, e até ela tá me abandonando pra ir morar fora.

Alguns saldos positivos da ocupação:
-Foi criado um blog ontem e que somente no dia de hoje teve quase 3 mil acessos de pessoas diferentes
-A presença da ocupação foi noticiada aos quatro cantos, e apesar da imprecisão de alguns jornais, ou a parcialidade, o assunto se tornou público
-Apoio de várias entidades e estudantes de outras universidades, esse tipo de coisa tende a unir o movimento estudantil que anda bem fragmentado(só não sei como a notícia da desocupação vai ser recebida por esse pessoal, espero que nada mude)

Fora isso, espero que as reivindicações sejam levadas em conta pelo reitor Dirceu de Mello e pelos padres João Júlio e Rodolfo, da Fundação São Paulo(órgão da igreja católica) que são os outros integrantes do Consad com direito a voto nas decisões. As reivindicações são legítimas e possíveis.

é isso.